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Escala de Mohs - para quem gosta de mandar riscos... em minerais

quinta-feira, dezembro 17, 2015

Não, mandar riscos em minerais e rochas não nos dá uma euforia estonteante. Dá-nos conhecimento. Neste caso, conhecimento sobre a dureza (relativa) dos minerais. A qual é uma importante característica, pois é um dos principais passos na sua identificação. A dureza de um mineral, entre várias outras características, dita o seu uso no nosso dia-a-dia.

A dureza pode ser definida como a capacidade de resistência de um mineral face à retirada de partículas da sua superfície, ou seja, a resistência a ser riscado: um mineral mais duro, risca sempre um mineral menos duro, deixando um risco no último. Esta técnica usada para se saber a dureza relativa dos minerais, tem vindo a ser utilizada já desde a antiga Grécia.

A escala de Mohs, nasce em 1812 e é composta por 10 minerais essenciais, com durezas relativas arbitrariamente escolhidas, definidas de 1- o menos duro - a 10 - o mais duro (ver lista abaixo). Apesar de muito básica e de baixa precisão, o uso da escala de Mohs facilita, e muito, a identificação de um mineral, principalmente no campo. Para além dos minerais definidos nesta escala, sabe-se também a dureza de outros materiais como lâminas de canivete, cobre e a própria unha, o que também ajuda na identificação da dureza relativa de um dado mineral.

Todos os minerais que compõe a escala de Mohs podem ser encontrados com relativa facilidade na crusta terrestre (sendo o diamante o mais raro e caro para se obter!). São eles (da menor para a maior dureza):

1 - Talco
2 - Gesso
3 - Calcite
4 - Fluorite
5 - Apatite
6 - Feldspato potássico
7 - Quartzo
8 - Topázio
9 - Corindo
10 - Diamante


Figura 1: Escala de Mohs, com minerais e alguns objectos comuns, para identificação da dureza relativa. 
Mohs Scale
Figura 2: Apresentação habitual da escala de Mohs.

A dureza relativa de um mineral (ou material) é medida em relação aos minerais da escala, através da sua capacidade de riscar um determinado mineral e de ser riscado por outro. Confuso? Talvez. Mas atente-se nos casos que podem acontecer:
  1. O mineral A risca o mineral B: o mineral A é mais duro que o mineral B
  2. O mineral A não risca o mineral B: o mineral B é mais duro que o mineral A
  3. Se os minerais têm a mesma dureza, serão ineficientes na produção de riscos um no outro. No entanto, podem, por vezes, surgir pequenos riscos
  4. O mineral A é riscado pelo mineral B, mas não pelo mineral C: a dureza do mineral A situa-se entre a do mineral C (menos duro) e do mineral B (mais duro)
Figura 3: Procedimento para a identificação da dureza relativa.

Exemplo 1: O mineral X risca a apatite (e consequentemente, talco, gesso, calcite e fluorite), mas não risca o feldspato potássico. Isto diz-nos que o mineral X tem uma dureza relativa de 5,5.

Exemplo 2: O mineral Y é riscado pela unha - que tem uma dureza relativa de 2,5 - mas não é riscado pelo gesso. O mineral Y tem uma dureza relativa entre 2 e 2,5.


Este método é essencial na rápida e fácil identificação de minerais. O seu procedimento requer algum treino e saber, mas acaba por ser intuitivo e divertido.


Espero que agora tenhas vontade de mandar uns riscos... mas só nos minerais!




Fontes:
http://www.minsocam.org/MSA/collectors_corner/article/mohs.htm
http://www.britannica.com/science/Mohs-hardness
http://geology.com/minerals/mohs-hardness-scale.shtml