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Captura e armazenamento de carbono

quarta-feira, março 11, 2015

E se em vez do dióxido de carbono (um dos principais gases responsáveis pelo efeito de estufa) ser lançado para a atmosfera, fosse acomodado em formações rochosas no interior da Terra ou no fundo do oceano? Era perfeito: diminuia-se a quantidade de gases prejudiciais enviados para o ar! Na verdade, isto já é uma (crescente) realidade.

O aprisionamento (ou sequestro) de carbono foi consagrado pela Conferência de Quioto (no protocolo entre as nações) em 1997, com a crescente necessidade de diminuir o envio de gases para a atmosfera, e assim, diminuir o efeito de estufa (que, recordando, é um processo natural, mas acelerado pelo Homem). Para se atingir os objectivos de uma Terra cada vez mais verde, este processo pode vir a ser crucial, pois não permite o aumento tão acentuado do efeito de estufa. Conta com meios naturais e artificiais (de captura e aprisionamento), que estão a ser estudados, melhorados e desenvolvidos.

A captura e armazenamento de carbono permite que uma grande parte da fatia das emissões de CO2, produzidas em grande parte, pelas indústrias, combustíveis fósseis e desflorestação, possa ser armazenada no interior da Terra em vez de ir parar à atmosfera, com os efeitos nocivos que daí advém. Este processo contempla três subprocessos importantes, que são a captura do CO2, o seu transporte e o posterior armazenamento em formações geológicas apropriadas.

Primeiro usam-se métodos para separar o dióxido de carbono dos restantes gases produzidos; depois esse gás é transportado por pipelines, barcos e camiões; finalmente ele é armazenado nas formações geológicas, localizadas muitos quilómetros abaixo da superfície terrestre. Estas formações são sedimentares, porosas, com camadas impermeáveis sobre si, tais como aquelas que armazenam gás natural e petróleo. Aliás, a forma de retenção destes combustíveis fósseis é a mesma que é seguida para o armazenamento do carbono.

O CO2 pode também ser armazenado nos oceanos, e neste caso, dá-se por duas vias: injecção directa e fertilização. No método de injecção, o CO2 é enviado para grandes profundidades, onde se dissolverá nas águas. A fertilização dos oceanos, consiste na adição de ferro, para certas zonas, com o objectivo de aumentar o crescimento de fitoplâncton e assim, aumentar a taxa de fotossíntese (e consequentemente dar uso ao CO2). Estes dois processos acarretam  perigos para os ecossistemas, principalmente ao nível da fauna. No entanto, ainda não são totalmente conhecidas todas as envolventes (pontos positivos, pontos negativos, custos).

Figura 1: Passos essenciais da captura e armazenamento do dióxido de carbono
Por outro lado o carbono é aprisionado, também por meio natural, no ecossistema oceânico através de processos físicos e biológicos. Os primeiros relacionam-se com a dissolução de CO2 na água do oceano. Este gás dissolve-se mais facilmente em água fria (tendência que aumenta para os pólos) e é posteriormente depositado no fundo. Os processos biológicos relacionam-se com os seres marinhos: o fitoplâncton retira CO2 da água para realizar a fotossíntese; já o plâncton e outros organismo usam o CO2 para o converterem em CaCO3 (carbonato de cálcio) para os seus esqueletos e conchas; quando o fitoplancton é consumido no processo alimentar, o CO2 é libertado para a água e entra de novo no ciclo anterior.

Já no ecossistema terrestre esse aprisionamento dá-se essencialmente nas florestas e no solo. Nas florestas, o armazenamento é feito pelas árvores e demais plantas, durante o processo da fotossíntese. Ou seja, quando as árvores ardem e são destruídas, dá-se uma libertação massiva de CO2. Logo, é necessário que se tenha um cuidado especial com as florestas (alô, Brasil, esta é especialmente para vocês)! Por outro lado, a decomposição dos organismos e a interacção entre fauna e flora, são os maiores factores para o aprisionamento de CO2 no solo. A libertação do CO2 deste reservatório dá-se pelos processos de erosão, lixiviação e volatilização.

Atente-se para o facto dos maiores reservatórios de CO2, não serem a atmosfera, mas sim, os ecossistemas terrestre (vegetação e solo) e, principalmente, o marinho, que sequestram grande parte dos stocks de CO2 existentes.

Por fim, deixo-vos um vídeo que, de forma sucinta, explica o processo da captura artificial e armazenamento de CO2 nas formações geológicas, naquele que é um processo que será cada vez mais comum nos tempos que se avizinham.

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