Já ouviste falar de gás de xisto (shale gas)? Esta é a tua primeira vez? Então prepara-te, pois nos próximos tempos podes ouvir falar muito dele. Mas, quando o momento chegar, vais estar preparado. Porque vais-te lembrar do que aqui vais ler.
Gás de xisto (ou gás não-convencional) é um gás que se encontra dentro dos poros de formações xistentas (sim, o nome gás de xisto faz sentido). Este tem a mesma composição química do petróleo e é utilizado essencialmente para a produção de energia (representando uma alternativa aos combustíveis fósseis mais comuns, em particular ao gás natural). Este gás encontra-se comprimido nos orifícios das rochas porosas e é retirado através de uma técnica que se chama fracking - fracturação hidráulica - que consiste, principalmente, na introdução de uma mistura de água, areia e compostos químicos a alta pressão nas rochas, produzindo fracturas e permitindo que o gás possa ser extraído.
Figura 1: Esquema simplificado do processo de fracking |
O gás de xisto é conhecido como recurso energético desde o final do século XIX. Mas. apenas a partir do ano 2000 (e isto, tendo muito em conta os Estados Unidos), a sua exploração aumentou e tem aumentado de forma constante à medida que mais e mais países vão investindo nesta "nova" fonte energética. Existem reservas de gás de xisto confirmadas um pouco por todo o mundo, sendo que a maioria delas se encontram na China, EUA e Argentina. O aumento da exploração e produção deste tipo de gás, pode, desde logo, diminuir a dependência de alguns países para com o petróleo, gás natural e seus fornecedores, que deixam de controlar o mercado energético a seu bel-prazer e definir as regras. Para a Europa, mesmo esta não tendo grandes reservas, a exploração de gás de xisto pode também ser benéfica. Até em Portugal já se fala de uma possível exploração deste combustível em certas zonas.
Figura 2: Reservas mundiais de gás de xisto no ano de 2012 |
No entanto, nem tudo é um mar de rosas. A exploração e produção do gás de xisto acarreta importantes problemas ambientais - que podem até ser piores que os que advém das actuais explorações e produções de petróleo, gás natural e carvão. Os problemas ambientais deste tipo de exploração, começam na introdução dos mais de 600 químicos (alguns deles tóxicos, entre eles substâncias cancerígenas como o ácido sulfúrico e o formaldeído) nas rochas em profundidade, o que pode levar à contaminação dos lençóis freáticos (os reservatórios subterrâneos de água potável) - o que resulta numa quantidade ainda menor de água potável (que ao contrário da crença popular é um recurso não renovável). A emissão de gases de efeito de estufa (dióxido de carbono e metano, à cabeça) é também uma perigosa realidade, contribuindo para o aumento do aquecimento global. Outro dos problemas é o começo de pequenos tremores de terra (que chegam a ultrapassar a magnitude 3 na escala de Richter), devido à fracturação das rochas em profundidade, perto das zonas onde se dá o processo de fracking.
Os benefícios/prejuízos que advêm da exploração e utilização do gás de xisto são ainda um pouco desconhecidos, existindo entretanto um intensivo estudo e debate sobre este tema. Vamos esperar pelos próximos capítulos desta nova história que se está a escrever, tendo sempre em atenção (espero eu), a sobrevivência e melhoria do estado do planeta Terra.
Que não se dê um passo maior que a perna.
Que não se dê um passo maior que a perna.
Fontes:
http://www.bbc.com/news/business-23311963
http://blog.thomsonreuters.com/index.php/global-shale-gas-basins-graphic-of-the-day/
http://www.kpmg.com/Global/en/IssuesAndInsights/ArticlesPublications/Documents/shale-gas-global-perspective.pdf
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