Uma das ferramentas mais utilizadas em geologia (mais
propriamente na mineralogia e na petrografia): o microscópio petrográfico. Os
meus amigos e conhecidos bioqualquercoisas (e ainda são alguns) que me
desculpem, mas sim, existe um microscópio utilizado em geologia, diferente
daqueles a que estão habituados. Para que serve? Para observar rochas e minerais
e identificar um grande número de características, como a cor, a forma ou a
alteração presentes.
A microscopia petrográfica divide-se nas chamadas
microscopia de transmissão (ou de luz transmitida) e na microscopia de reflexão (ou de luz reflectida). No primeiro
caso, utilizado para a observação da maioria dos minerais, a fonte de luz
encontra-se em baixo, sendo conduzida para cima, atravessando a amostra (lâmina)
de rocha, e permitindo uma ampliação através das objectivas e oculares – é necessário
que as amostras sejam transparentes, para que se deixem atravessar pela luz. No
segundo caso, a fonte de luz encontra-se sobre a amostra. Neste caso, o que se
observa é uma reflexão da luz incidente sobre a amostra – o que nos permite
observar os minerais opacos, aqueles que não se deixam atravessar pela luz, e
que, por isso, aparecem com cor negra na microscopia de transmissão.
Então, mas em que difere um microscópio petrográfico de
um microscópio óptico? O “nosso” (perdoem-me a ousadia) microscópio tem uma
platina rotativa e possui um analisador (acima da platina) e um polarizador (abaixo
da platina) – chamados nicóis, ao passo que a platina dos microscópios ópticos é fixa e apenas têm polarizador.
Figura 1: Exemplo de um microscópio petrográfico de luz transmitida. Atente-se nas localizações do polarizador e analisador e na forma circular da platina, o que permite a sua rotação.
A platina rotativa permite que características como a cor
ou o pleocroísmo possam ser observadas. Tal deve-se ao facto da maioria dos
minerais – anisotrópicos – não se comportarem da mesma forma em direcções de luz
diferentes. Com o rodar da platina faz-se variar a direcção da luz, o que
permite que sejam observadas diversas propriedades.
O polarizador e o analisador permitem organizar os feixes
de luz de forma diferente e assim observar diferentes características na
microscopia de transmissão. O polarizador
encontra-se sempre inserido – o que varia é a adição ou não do analisador. Habitualmente,
as observações da luz polarizada não analisada como observações em nicóis
paralelos (com polarizador, sem analisador) e as observações com luz polarizada
analisada como observações a nicóis cruzados (com polarizador, com analisador).
Para se observarem amostras de rocha ao microscópio é necessária uma condição essencial: esta ser muito fina (0,03 mm), encontrando-se sobre uma lâmina de vidro, o que torna a amostra quase transparente – utilizado na microscopia de transmissão; serem polidas de forma a que a sua superfície faça uma óptima reflexão da luz – utilizado na microscopia de reflexão.
Este aparelho permite fazer uma caracterização de
rochas e minerais, à mais pequena escala. Desta forma, o microscópio petrográfico torna-se uma
ferramenta importante para grande parte das pessoas ligadas às geociências. Que o diga quem teve 4 ou 5 disciplinas envolvendo o seu uso, e também, numa tese que - diga-se de passagem – foi a parte que menos
gostou de realizar (minha rica geoquímica!).
As características que se observam no microscópio petrográfico, ficam para o próximo capítulo!
PS: Qualquer dúvida que surja, nos termos aqui descritos
ou sobre outro qualquer assunto, podem ser deixadas num comentário anexo a
este texto.
Fontes:
http://portalweb.sgm.gob.mx/museo/es/microscopio-petrografico
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